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quinta-feira, 10 de março de 2011

A viagem V


“Sei de alguns caminhos saindo do hospital até a casa da moça. Preferi ir pela sorveteria pra tomar um picolé de limão. Enquanto eu pagava, uma moto amarela, aquela da qual eu caí na viagem anterior, estava passando e eu gritei o nome do meu grande amigo. Ele estava de passagem com algo bem importante pra fazer. Imagino que ele não esperava que eu chegasse naquele dia por sua reação. De qualquer maneira, quando a ficha caiu, ele desceu da moto rapidamente e me chamando de carioca logo disse: ’vamos tomar uma cerveja’. Eu não pude negar.
Sentamos numa mesa qualquer. Seu desejo era que fôssemos até a borracharia, mas eu tinha minha mala e ele estava de moto. Então, teve a grande idéia de chamar seu irmão que tinha carro. Pelo telefone eu ouvi dizer: “traz sua máquina de tirar fotos. Temos uma surpresa aqui na sorveteria.”
Meu amigo desligou sem titubear e logo pegou a cerveja que mais gosta, aquela de garrafinha bem gelada. Bebemos umas três garrafinhas cada um esperando a outra pessoa. Quando ele chegou, sua garrafa já estava sobre a mesa. Sentou me dando um abraço e um forte aperto de mão. Ficou surpreso com minha chegada. Surpreso e muito feliz. Eu me senti adorado como não sinto em alguns momentos no lugar onde eu vivo. Aquelas pessoas são como crianças nos seus abraços e olhares, são inocentes e verdadeiros.
Que bela reunião entre amigos. O tempo foi passando e deixamos a borracharia pra outra data. Falamos durante quase uma hora até ver minha grande amiga dobrar a esquina, aquela que estava no hospital. Ela passara ali pra comprar sorvete para eu tomar de sobremesa. Quando nos viu, nem falou que ia comprar, mas eu a conheço e sei que tentaria me agradar. Logo sentou e perguntou se deveria ligar pra moça, mas eu pedi que não. Preferi que chegássemos todos juntos em sua casa.
Batemos papo, falei da minha saudade e meus planos. Pretendo acabar a faculdade e depois vermos no que dá. É interessante sentar numa mesa onde pessoas que tem o mesmo sobrenome te dão o prazer de fazer parte daquilo tudo.
Já era noite e apesar de ter adiantado em um dia a viagem, quase não me serviu, pois a surpresa já não era surpresa pra moça, pois pretendia vê-la há umas três horas. Mas se foi surpresa para aquelas pessoas que estavam ali comigo, uma surpresa agradável, me basta. Eu estava muito feliz.
Pegamos o carro. Eu sentei na frente do lado do fotógrafo e a moça do hospital atrás de mim pra me dar tapas, que na língua dela chama-se carinho. Meu amigo sentou na moto e foi na frente.”

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